Crítica: Série “Vai pra cima, Fred” humaniza o mito do jogador profissional

10 de junho de 2020

O Youtube também aposta em conteúdo original na atual guerra dos streamings. E aqui no Brasil, uma das séries produzidas é “Vai pra cima, Fred”  que mostra o sonho do apresentador e Youtuber Fred do canal “Desimpedidos” em se tornar um jogador profissional de futsal. O desafio foi aceito pelo Magnus Futsal, clube tricampeão mundial da categoria e fundado pela lenda do esporte, Falcão, que se faz muito presente na série.

O seriado segue a fórmula do sucesso do canal “Desimpedidos”, que aposta na informalidade e na proximidade com seus personagens. E aqui temos ainda o componente emocional para dar ainda mais empatia com a história que está sendo contada. Num país onde os profissionais da bola são deuses a serem alcançados e entrar para o clube é o sonho da maioria das crianças, “Vai pra cima, Fred” já tem uma base para trabalhar e trabalha bem.

A chegada onde o sonho viraria realidade (Foto: Divulgação/NWB)

Fred(cujo o nome real é Bruno Carneiro Nunes) mais uma vez desiste de tudo para finalmente realizar o sonho de se tornar profissional. E a coisa só vai ficando mais íntima com o desenvolver dos episódios e o depoimento das pessoas próximas ao protagonista da série. A parte em que ele conta para os pais o projeto é precisa de delicada. Os companheiros de desimpedidos comentado da história dele também são pontos que deixam o emocional muito envolvido. Golaço.

Hora de virar jogador

Treinamentos intensos com o time do Magnus (Foto: Divulgação/NWB)

Então depois de minutos mais emocionados, é hora do “vamo vê”. Aí entramos na fase de conhecer melhor como funcionam as engrenagens de um time de futsal que vai começar a sua temporada. No Magnus conhecemos além dos dos dirigentes, conhecemos os jogadores, os preparadores e tudo que envolve o desenvolvimento do time. E aí começam a cair certas máscaras do universo profissional. Jogadores profissionais no Brasil quase nunca são visto como pessoas, como humanos que falham, que tem sentimentos. Que comentem erros e acertos. E aqui temos a possibilidade de ver tudo isso. De jogadores famosos, como  Rodrigo, fixo e capitão do Magnus, até o próprio Fred que apesar da fama, é o amador aprendendo tudo.

Ainda “dentro da casinha do cachorro”, ouvimos histórias, vemos as zoeiras e como a preparação é feita. No futsal, os lances e jogadas são muito rápidos, diferente do que acontece no campo de futebol, onde na maioria dos casos o jogador tem mais de 2 segundos pra pensar. E assim a série presta mais um serviço: mostrar que treinamento e condicionamento são fundamentais para se pensar em entrar na categoria. E Fred aprende isso na pele, seja em quadra quando está aprendendo as jogadas, seja na academia fazendo os trabalhos de condicionamento ou no Parque Campolim, correndo atrás do prejuízo.

Vida difícil para o youtuber na preparação (Foto: Divulgação/NWB)

Falcão presente e jogos profissionais

Com já citado anteriormente, Falcão é figurinha recorrente na série e isso é maravilhoso. O maior jogador de todos os tempos do futsal parece ser a pessoa que pavimentou todo o processo para o projeto sair do papel e faz sua parte ajudando o amigo Fred a conseguir alcançar os objetivos em quadra. Um mestre desses não é pra qualquer um. E como já fazia em quadra, Falcão em seus momentos de “Mister” faz parecer fácil jogar bola na quadra, coisa que a própria série mostra que não é.

Falcão: maior jogador da história e mentor de Fred no Magnus (Foto: Divulgação/NWB)

Vale destacar também o trabalho do treinador Ricardinho, que fez muito bem a sua função de cobrar, mas também de colocar Fred, e nós espectadores, dentro do time. As instruções, as dinâmicas e as brincadeiras são ótimas.

Já partindo para o final da partida e desta jornada, temos os dois jogos diante do time do River Plate, equipe argentina que tem um bom trabalho nas quadras. E nessa preparação temos uma das cenas que mais me mostrou que os profissionais também são humanos: a roda de conversa num barzinho, regada a imprescindível cerveja. Ali vemos um misto de ansiedade, com nervosismo e companheirismo.

Vemos a parte da elite de um esporte “tricotando” com um cara que acabou de entrar no mundinho sobre se jogar contra os “hermanos” é mesmo diferente. E como é tão real e bem editado o material, parecemos estar ali também, apostando que o final dessa jornada será com o título ficando em casa.

Ricardinho e seus: “ISSOOOOOO FREDÊ! AGORA PAGA 10” (Foto: Divulgação/NWB)

E os jogos contra o River são até fáceis. Duas vitórias tranquilas pra coroar uma séries de alto nível do Youtube. Porém, temos claro um drama a ser resolvido: o gol como profissional. Fred também ficou conhecido por marcar bonitos gols e jogos de fim de ano, quando os jogadores promovem amistosos com seus amigos. E a pressão dele em relação a colocar a bola na rede é o fio condutor dos últimos episódios da série, o que cria uma atmosfera dramática, chegando a mostrar o protagonista chorando e com dúvidas de si, dentro de um conteúdo que prima mais pelo humor e pela resenha.

Em quadra, profissional e com gol: Fred foi pra cima! (Foto: Divulgação/NWB)

E como num roteiro de cinema, Fred conseguiu seu gol: faltando 3 segundos para acabar o segundo contra o River e último jogo dele pelo Magnus, ele consegue colocar a bola no fundo das redes para a explosão da Arena Sorocaba! Uma festa bonita de se ver. Por um segundo, me pareceu roteirizada demais a forma com que aconteceu, mas ponderando e vendo as reações, minha certeza é que que o momento vivido ali naqueles segundos finais de jogo foram únicos e verdadeiros. Golaço de novo!

“Vai pra cima, Fred” entrega além do que se propõe. Comunica com o público que acompanha o canal do Desimpedidos e com quem gosta de esporte. Bem produzida, com imagens e personagens conhecidos é uma série que mostra pra nós que sonhos são possíveis de serem realizados .

Nota do Dedey: 4,5/5,0