Taverna do Toderoso Dude #7 – As Crônicas de Artur

21 de maio de 2015

Salve Dudes! Estamos aqui para mais uma semana, como sempre, com mais uma coluna do seu velho brother Matheus Dude. Hoje entraremos em mais uma série de livros: a trilogia das Crônicas de Artur, também conhecida como “The Warlord Chronicles”, que se divide, é claro, em três títulos: O Rei do Inverno, O Inimigo de Deus, e Excalibur. Tendo sido escritos por Bernard Cornwell, simplesmente o melhor narrador de lutas e batalhas entre os escritores, é de se esperar que a história seja de altíssima qualidade. Sendo assim, na coluna de hoje todos faremos parte da parede de escudos, então amarra essa espada no cinto, pega a lança, veste a cota de malha, e bora pra porrada, porque os saxões já estão aqui…

Dando início, é preciso dizer que, apesar do nome em português, a história em si não é contada através dos olhos do lendário Rei Artur (que aliás, se recusa a ser chamado de Rei nessa história), e sim por aquele que viria a ser um de seus guerreiros mais confiáveis e valorosos: Derfel Cadarn (Cadarn é um título conquistado em batalha, e significa “o poderoso”, ou algo próximo disso). Que muitos anos depois, já sendo um monge cristão idoso, começa furtivamente a escrever suas memórias e a história de Arthur (a original tendo sido alterada pela igreja, que considerava Arthur como um “inimigo de Deus”) na própria língua saxã, para que não seja descoberto e punido.

Para continuar, é preciso falar um pouco sobre esse personagem. Derfel é um saxão (após o seu segundo batismo. Seu nome original é Wygga, que é um nome tremendamente escroto, como ele mesmo nota), com um pai desconhecido e uma mãe que foi tomada como escrava em uma batalha. Após essa batalha, um druida do contingente inimigo o escolhe para ser sacrificado aos deuses pagãos, num ritual em que as vítimas são arremessadas num “poço da morte”… O problema é que o rapaz não morre no poço, sendo encontrado por Merlin, o druida mais poderoso da Britânia, que interpreta a sobrevivência do garoto como um sinal de que ele é adorado pelos deuses, e o adota, batizando-o como “Derfel” e levando-o para morar em sua comunidade. Crescendo, Derfel se torna amigo de Nimue, aprendiz do velho druida, e aprende a lutar com um velho guerreiro chamado Hywel. Além disso, ele vê o herdeiro da Dummonia (um dos reinos da Britânia ainda fora do controle saxão), Mordred, nascer.

Para proteger os direitos do herdeiro, são escolhidos guardiões, e Artur, como filho bastardo do então Grande Rei Uther, o Pendragon da Britânia, é convocado. E é aqui que a história começa de fato… Vemos conflitos de poder, batalhas, juramentos feitos e quebrados, enquanto o jovem Derfel vai crescendo para se tornar um dos maiores guerreiros da Britânia. Como já foi mencionado, as lutas, descritas com perfeição, são um dos pontos altos da história. Cornwell sabe mesmo como conduzí-las, te fazendo torcer pelo sucesso do personagem (não só no campo de batalha), quase como se você estivesse presente de fato em cada acontecimento. Cada golpe, cada reação, preocupação e pensamento de Derfel, seja nos conselhos ou em meio às paredes de escudos, nada é deixado de lado. Você termina uma página, e logo a história te puxa pra mais uma, e outra, e outra, e outra… Admito que era bem difícil largar o livro…

É extremamente divertido acompanhar o crescimento de Derfel, seu caminho até a maturidade e sua evolução. Num momento, sendo apenas um pequeno saxão em uma terra estranha, e em outro, liderando seu próprio bando de lanceiros em batalhas, cuidando das próprias terras e auxiliando Artur na regência da Dummonia. Sua interação com o mundo e  com os personagens já conhecidos por aqueles familiarizados com as lendas arturianas é outro ponto alto da trilogia. Seja a amizade com Artur e com o lanceiro Galahad, a sua complicada relação com Guinevere, o imediato choque com Lancelot, ou sua reação ao triste episódio de Tristan e Isolda, entre outros acontecimentos testemunhados pelo guerreiro, que dão uma nova cor e emoção á história.

A magia também é um ponto interessante, e frequentemente abordado na trilogia. Com os druidas sendo figuras extremamente importantes e respeitadas, já era possível prever esse fato. O que mais chama a atenção é que apesar dos feiticeiros e druidas estarem sempre interferindo nos acontecimentos (ou assim parece), nunca é realmente confirmado se a magia é, de fato, real, e na maior parte das vezes, pode-se crer que são apenas truques espertos, utilizados de forma brilhante e tirando proveito da superstição do povo da época. Sendo Merlin um dos personagens mais inteligentes de toda a história da série, é bastante fácil concluir que ele usa e abusa de sua esperteza, dominando os ignorantes ao seu bel prazer, e até desdenhando do dito poder de outros feiticeiros.

Bom, acredito que já tenha falado o bastante por uma coluna, senhoras e senhores. Espero que tenham gostado, e espero realmente ter conseguido prender a atenção de vocês, e fazer com que despertem interesse por essa maravilhosa série. Procurei diminuir bastante os potenciais spoilers, mas infelizmente, é inevitável. Não teria como opinar de forma completa sem revelar nenhum ponto da história. Ainda assim, peço perdão. Vamos ficando por aqui hoje, por isso, uma boa semana a todos, e até a próxima. Continuem ligados nos casts, que ficam cada vez melhores. Viva o Dudepower!!