Capitão América: Guerra Civil – Crítica

2 de maio de 2016

A Marvel não se arrisca em seus filmes. Isso está claro. No entanto, Guerra Civil está aí para reforçar a ideia. O filme segue todas as formulas possíveis. É um filme com o carimbo Marvel de qualidade. Alguns podem dizer que trazer uma saga como Guerra Civil para os cinemas é se arriscar, mas, convenhamos, Guerra Civil está só no título – e não estou falando da quantidade de personagens. Mas, por incrível que pareça, isso não foi um problema em Capitão América: Guerra Civil. O filme é honesto naquilo que se propõe. Não se arrisca, mas também não escorrega.

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O tom do filme é dado já nos primeiros momentos do filme pelo próprio Capitão América. Interessante destacar que não ocorre o que todos temiam: o filme é de Steve Rogers. Não foi um Vingadores 2.5 ou mais um filme conduzido por Robert Downey, Jr. e seu Homem de Ferro. É um filme do Capitão América. E dos bons.

O ponto mais alto do roteiro é conseguir ser fluido, leve e dinâmico. As duas horas e meia de filme passam sem você notar. A narrativa do filme é muito bem construída. Comparando a Batman vs Superman – e a comparação é inevitável – o roteiro é ponto determinante. Enquanto no filme de Zack Snyder temos uma narrativa lenta, pesada, mal construída, aqui a narrativa é desenvolvida de maneira que o espectador é levado pelo filme.

A direção de Anthony e Joe Russo conseguiu fazer algo que Joss Whedon só fez no primeiro Vingadores: se desvencilhar das amarras do Marvel Studios e de Kevin Feige. Todos os filmes do Marvel Studios são acompanhados de perto por Kevin Feige e, por vezes, os diretores não conseguem imprimir suas personalidades nos filmes. Apesar de ser claramente um filme Marvel, Anthony e Joe Russo conseguiram mostrar a sua marca. As cenas são muito bem filmadas. Os cortes são precisos. E as cenas de luta corpo-a-corpo, marca dos diretores, são melhores do que as vistas em Capitão América 2: Soldado Invernal.

A introdução de novos personagens foi a melhor já feita. E aqui cito o Homem-Aranha e o Pantera Negra. O caso do Pantera reforça que um personagem não precisa de um filme solo para ser introduzido, basta ser bem explorado e trabalhado. O Homem-Aranha é um show a parte. Apesar do pouco tempo de tela, justificado e acertado, rouba a cena todas as vezes que aparece. Seja como Peter Parker, seja como Homem-Aranha.

O ponto baixo do longa fica com o vilão. Aquele não é o Barão Zemo. E isso não é tudo. O vilão não demonstra a vilania necessária. É, assim como a maioria dos vilões da Marvel no cinema, fraco, inexpressivo. É o tipo de vilão procedural que está ali apenas para dar o gatilho que o roteiro precisa para a trama fluir. Escolha preguiçosa demais para um estúdio do patamar do Marvel Studios.

Outro ponto que desagrada a este que vos escreve, e aí não é uma crítica ao filme, mas sim à Marvel, é a falta de dramaticidade nos filmes, especialmente neste. Ficou claro que não era uma Guerra Civil porque em nenhum momento o tom do filme foi para esse lado. Tudo parecia uma briguinha de amigos que em seguida estão sentados conversando e bebendo juntos. Falta à Marvel se arriscar mais em seus filmes. Dramatizar um pouco mais, nada comparado a DC. Não precisa. Mas a zona de conforto pode se tornar um problema.